terça-feira, 24 de novembro de 2009

Ensaio sobre a cegueira


Em terra de cego, quem tem olho, é rei?

Esse livro despertou meu interesse desde a primeira vez que ouvi falar nele - antes mesmo de produzirem o filme -, pois gosto muito de histórias cujo foco é o comportamento humano.

Mais um livro pra encabeçar meus favoritos na categoria Terror Psicológico.

Um homem em seu carro esperando o sinal abrir percebe que não é mais capaz de enxergar, sua visão foi invadida por um 'mar branco', como se estivesse com o rosto mergulhado em uma bacia de leite. Essa cegueira começa a se espalhar de forma quase epidêmica e medidas como o isolamento começam a ser tomadas.

Mais do que uma cegueira física, José Saramago também retrata nas entrelinhas de seu livro a cegueira intelectual ou, se assim preferir, a ignorância dos seres humanos.

Como o livro é no idioma original - português de Portugal - fica um pouco complicado pegar o embalo da leitura. Não existe a separação de diálogos clássica com dois pontos e travessão o que facilita um pouco na hora de se perder pelos parágrafos. Porém a história é tão envolvente que uma vez no embalo da leitura, não há mais como se perder.

O filme é a adaptação mais fiél que já assisti, as diferenças são muito pequenas e não cometem o pecado de alterar a essência da história como acontece com muitas adaptações para o cinema.

A história nos leva a pensar se haveria algum fundo de verdade na afirmação de que 'em Terra de Cego quem tem olho é Rei'. A sensação de que a única pessoa a possuir visão deveria 'tomar conta' dos demais está sempre presente no texto e o peso da responsabilidade sobre os ombros da Mulher do Médico é facilmente sentido pelo leitor.

Definitivamente uma história que nos faz refletir sobre nosso comportamento e sobre o quão despreparados estamos para enfrentar mudanças bruscas em nossa rotina.

SPOILER

Para uma pessoa que, como eu, se perde em nomes de personagens como os de Agatha Christie - Ok! Péssimo exemplo ... ela exagera nos nomes escabrosos - esse livro não tem esse problema. As personagens de Saramago são literalmente: O Médico, A Mulher do Médico, O 1° Cego, etc. o que, além de prático, facilita visualizar o 'caminho do contágio' quando surgem cegos identificados por: A Camareira do Hotel ou O Balconista da Farmácia.

O filme se limitou a mostrar unicamente o 1° cego voltando a enxergar o que leva qualquer 'bom etendedor' a perceber que toda a população atingida pelo mal branco tambpem voltaria a enxergar, mas o livro vai além ... nele as personagens principais ouvem outros cegos gritando de suas casas: 'Eu vejo'.


RECOMENDO!!!

3 comentários:

  1. Que legal, acabei de ler este livro hoje.
    Um abraço.
    Fatima

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  2. oie!
    Faz tempo que eu to querendo ler esse livro, mas nunca sobra tempo. E agora depois da sua resenha fiquei com mais vontade ainda de ler.
    ai ai... haja tempo pra tanto livro...

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  3. Li sua resenha sobre o livro, e não pude deixar de comentar, li esse livro e achei maravilhoso!
    Faz com que paramos pra pensar no sentido real da vida, das coisas que devemos dar mais importância,acho que todas as pessoas deveriam ler esse livro antes de morrer!
    haha
    Recomendo MUITO!

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